Em defesa do acesso à saúde para todos

Ir mais longe<br>nos avanços

O PCP defende o incremento de medidas que permitam «eliminar todas as barreiras que ainda persistem e que impedem os utentes de aceder aos cuidados de saúde». Esta uma exigência que a deputada comunista Carla Cruz tornou extensiva à melhoria dos cuidados de saúde primários e hospitalares, assegurando a sua qualidade e a sua total cobertura do território nacional.

Profissionais do SNS têm de ser motivados e valorizados

Intervindo no passado dia 23 na interpelação ao Governo suscitada pelo CDS, a parlamentar do PCP considerou igualmente imperioso utilizar a capacidade

instalada no SNS e pôr cobro à política seguida por sucessivos governos de transferir a prestação de cuidados de saúde do SNS para os grandes grupos económicos que operam no sector.

«É preciso contratar os profissionais que fazem falta, criar condições para a fixação dos profissionais em zonas carenciadas, eliminar todas as formas de precariedade, eliminar o recurso à contratação de empresas de trabalho temporário», defendeu Carla Cruz, para quem é igualmente urgente que o SNS tenha profissionais «motivados e valorizados» e que sejam adoptadas medidas que evitem que os profissionais de saúde tenham de emigrar porque não encontram aqui perspectivas para desenvolver a sua actividade.

Antes, o deputado comunista João Ramos, falando dos problemas que «continuam a subsistir», abordara já a necessidade da entrada de profissionais para suprir carências no SNS, criticando o recurso a empresas de prestação de serviços. Isto porque, do seu ponto de vista, tal expediente «não promove o envolvimento adequado dos profissionais nas instituições e no processo clínico, necessário a uma correcta actuação e a um uso racional dos recursos».

Leviandade

Estas posições do Grupo comunista foram assumidas num debate onde o CDS repetiu uma e outra vez a já enfastiante tese da «captura do Governo pela esquerda radical», direccionou os seus ataques no PCP, e, tomado de amnésia, parece ter esquecido o que foi a acção do governo de que foi co-responsável.

E por isso a bancada comunista teve de lhe lembrar – e ao PSD –, designadamente, que foi com o anterior governo que se agravou a falta de profissionais de saúde, que se operou uma redução do número de camas, que se acentuaram os problemas nos cuidados de saúde primários (sobretudo com a manutenção do número de pessoas sem médico de família), e que aumentaram as taxas moderadoras agravando o impacto negativo no acesso aos cuidados de saúde.

Do debate resultou assim claro que não é propriamente com a saúde dos portugueses que o CDS e o PSD estão preocupados. O que os move na abordagem às questões da saúde, como observou Carla Cruz, «é apenas o ataque ao PCP, como via para atacar o direito dos portugueses à saúde».

E separando águas, recusou usar a saúde dos portugueses como «arma de guerrilha política-partidária», sustentando que essa é uma questão demasiado séria para ser «tratada com a leviandade» de que dão mostras o PSD e o CDS.

 

O contributo decisivo do PCP

Avaliadas no debate de forma sumária pelo PCP foram as alterações legislativas produzidas desde a nova correlação de forças na AR, com Carla Cruz a referir que apesar de «não integrar o Executivo e não tomar decisões a partir do Ministério da Saúde o PCP já fez mais nestes meses pela saúde dos portugueses do que PSD e CDS fizeram nos últimos quatro anos».

À colação trouxe o exemplo das taxas moderadoras, assinalando que enquanto o CDS as aumentou o PCP «já deu um contributo decisivo para que elas fossem reduzidas».

Recordado foi ainda o papel do PCP ao longo dos últimos anos na defesa do direito à saúde e na luta em defesa do SNS, contra as sucessivas agressões de que este foi alvo por parte do PSD e CDS.

Carla Cruz desmontou igualmente o discurso de preocupação hipócrita dos partidos à direita com os profissionais de saúde. «O que preocupa os deputados do PSD e do CDS é a devolução de direitos que roubaram ao longo dos últimos quatro anos», afirmou, mostrando-se confiante de que os trabalhadores têm crescente consciência de como é falsa a preocupação que aqueles partidos dizem ter por eles, trabalhadores.

E avaliando o que já foi executado pelo Governo, Carla Cruz deixou expressa no debate a valorização que a sua bancada faz desse trabalho – dos «avanços registados», assim os qualificou –, sem contudo deixar de entender que «é preciso ir mais longe».

«Em suma, é preciso ir mais longe nas medidas em defesa, reforço e valorização do SNS, garantindo o direito à saúde de todos os cidadãos.




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